Rede intersetorial fortalece o atendimento a mulheres vítimas de violência em Nova Petrópolis

Até o dia 15 de novembro deste ano, Nova Petrópolis registrou 63 boletins de ocorrência e de atendimento relacionados a violência praticada contra mulheres. O registro desses casos foi possível pelo trabalho intersetorial que tem sido realizado entre as secretarias de Saúde e Assistência Social e de Educação, Cultura e Desporto, Brigada Militar, Polícia Civil, Ministério Público, Hospital Nova Petrópolis, Conselho Tutelar e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Através dessa ação integrada, em seguida ao atendimento às vítimas, a Coordenadoria da Mulher tem condições de realizar a busca ativa e oferecer atendimentos em psicologia, assistência social e outras áreas especializadas, que podem colaborar para que a vítima saia do círculo de violência.

Pelo levantamento da Coordenadoria, a maior parte das mulheres nessa situação, 16 casos, estão entre 31 e 40 anos; 14 vítimas possuem de 21 a 30 anos; e outras 14 estão na faixa etária de 41 a 50 anos. Os dados também apontam que 31% das pessoas sofreram violência psicológica, 26% violência moral e 22% foram alvo de agressão física. 

A psicóloga, coordenadora da Saúde Mental da Secretaria de Saúde e Assistência Social e representante da rede intersetorial, Carina Correa da Silva, explica que o diferencial e que permitiu ampliar a identificação dos casos de violência em 2022 foi o trabalho conjunto das instituições envolvidas. “Quando ocorre alguma situação e a Brigada Militar é acionada, e, se no atendimento à ocorrência verifica que houve violência doméstica, informa no Boletim de Atendimento (BA), que é encaminhado para a Coordenadoria da Mulher posteriormente”, afirma.

A responsável pela Coordenadoria da Mulher, Liriane Kintschner, também informa que após o registro da ocorrência, os profissionais do órgão podem entrar em contato com as vítimas e oferecer os atendimentos disponibilizados pela rede municipal. “Fazemos esse contato e colocamos à disposição os serviços de psicologia e assistência social”.

Os dados apurados pelas instituições envolvidas nesses atendimentos também indicaram que em 37 casos, dos 63 notificados, o agressor fez uso de alguma substância entorpecente antes ou durante a ocorrência, e que em 37 BAs foi registrada a presença de crianças e adolescentes durante os atos, o que demonstra que casos de violência são complexos e demandam um trabalho articulado entre vários serviços.

Tratar da origem da violência

A representante da rede intersetorial, Carina Correa da Silva, também destaca o apoio do Ministério Público para atuar na origem dos comportamentos violentos contra as mulheres. O Grupo Reflexivo de Gênero foi criado e conta com psicólogos e assistentes sociais do Município, que tem o objetivo de receber homens em processo judicial. Em encontros semanais, são trabalhados o machismo estrutural, as motivações e origens da violência, com a finalidade de que essas pessoas não voltem a cometer novos atos contra outras mulheres no futuro.

De acordo com Carina, em geral a participação nos encontros é compulsória, pois dificilmente os agressores aceitam participar espontaneamente. “A indicação é que façam parte, no mínimo, por três meses. A participação precisa ser comprovada e funciona como uma pena alternativa”, destaca.

Onde buscar ajuda

Em caso de violência contra a mulher, tanto a vítima quanto pessoas próximas podem buscar auxílio através do telefone da Central de Atendimento à Mulher pelo número 180. Em Nova Petrópolis, é possível procurar outros órgãos:

*Coordenadoria da Mulher – (54) 3281.3811

*Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) – (54) 3281.8414

*Brigada Militar – (54) 3281.1276

*Delegacia da Polícia Civil – (54) 3281.1378

*Ministério Público – (54) 3281.1367

Crédito das fotos: Adriana Rabassa/Comunicação PMNP